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Da Rinite à alergia alimentar

A Primavera traz o sol e o desabrochar das plantas e flores, e isso torna-a uma época muita típica do aparecimento ou agravamento de alergias.

A palavra “alergia” foi usada pela primeira vez em 1906, e refere-se a uma resposta exagerada do organismo (mais concretamente do sistema imunitário), a agentes que habitualmente não causam doença ou problemas à população geral. Estes agentes são chamados de alergenos, e os mais comuns são os poléns, determinados alimentos, medicamentos, picadas de insectos, e alguns metais. A exposição a estes alergenos desencadeia uma resposta do sistema imunitário com a libertação de substâncias inflamatórias como a histamina.

As alergias são doenças comuns, e nos países desenvolvidos as mais frequentes (e com tendência para aumentar) são a rinite alérgica (cerca de 20% da população), a asma (entre 1 e 18%) e a alergia alimentar (cerca de 6%). A reação mais grave, a anafilaxia, ocorre entre 0,05 e 2% da população nos países desenvolvidos.

O diagnóstico destas doenças tem por base a história clínica, e pode ser apoiado por análises de sangue e testes de provocação (testes de sensibilidade). No entanto, sem sempre os resultados negativos ou positivos estão diretamente relacionados com a gravidade dos sintomas.

As pessoas com alergias podem ter sintomas muito diferentes, e normalmente estão relacionados com a doença e com o alergeno em si. Na rinite alérgica é comum a obstrução nasal, os espirros, secreção nasal aquosa (“pingo no nariz”) e o prurido (“comichão”) nasal e ocular, por vezes com lacrimejo; na asma são comuns a tosse irritativa e a falta de ar; na alergia alimentar e picadas de insetos podem surgir manifestações na pele tipo urticária, com prurido e edema (“inchaço”). Em situações mais graves, como a anafilaxia, podem ocorrer vários sintomas, de evolução rápida e progressiva, colocando a própria vida em risco.

Estas doenças têm como base de tratamento a evicção do alergeno, para evitar esta resposta exagerada do organismo. A título de exemplo, com o uso cada vez mais generalizado das máscaras, tem se notado a diminuição da frequência e gravidade dos sintomas associados à rinite alérgica. Pessoas com alergias alimentares devem evitar comer o que lhes causa este tipo de reações, assim como quem tem alergias de contacto (ao níquel, por exemplo) deve preferir peças de vestuário que não tenham estes materiais. Em caso de alergia a medicamentos, informe o seu médico para que este possa encontrar a melhor alternativa.

Existem disponíveis alertas com o nível de alergenos e polens no ar, avisando para os dias em que as pessoas susceptíveis devem ter ainda mais cuidado. Na página da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) pode consultar um boletim polínico atualizado semanalmente.

Mas nem sempre é possível evitar todos estes alergenos (por desconhecimento, ou por impossibilidade), e nestas situações existe a necessidade de recorrer a medicamentos. Pode ser receitado um tratamento de base (para fazer todos os dias) com auxílio em crise (o conhecido “SOS”), ou apenas para controlo dos sintomas. Existe ainda a possibilidade de tratamento com imunoterapia com alergenos, onde a exposição controlada e gradualmente aumentada dessensibiliza o sistema imunitário, diminuindo esta resposta alérgica. Este tratamento só está recomendado para alguns tipos de alergias e deve ser feito sempre com acompanhamento médico.

Lembre-se: a alergia tem tratamento. Fale com o seu médico.

Maria João Nobre, Médica de Família

A Primavera e as várias formas de alergia
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