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Será que tive uma crise de pânico?

As crises de pânico são manifestações extremas de ansiedade e têm uma prevalência entre 3,5 e 6%, surgindo de forma súbita e atingindo uma intensidade máxima em 10 a 15 minutos.

As manifestações são físicas (palpitações, aperto no peito, dificuldade em respirar, tonturas, formigueiros nos braços, tremores) e psíquicas (sensação de perda de controlo e medo de morrer).

Pelo impacto e angústia que causam, as crises de pânico levam muitas pessoas a recorrer ao Serviço de Urgência, por acreditarem estar a sofrer de um problema médico grave, mas os exames realizados não identificam, habitualmente, alterações de relevo.

A maioria das crises são episódios únicos mas o receio de que se repitam pode levar a que as pessoas passem a fazer interpretações catastróficas de sintomas neutros (receio de estarem a sofrer um enfarte por sentirem palpitações, ou de terem uma doença respiratória por sensação de falta de ar ou mesmo uma doença gástrica por existir dor de estômago/náuseas). Neste caso, as sensações corporais passam a desencadear uma sensação constante de medo, o que, por sua vez, leva a um estado permanente de alerta, o que aumenta a intensidade dessas mesmas sensações e a probabilidade de surgir uma nova crise.

Este círculo vicioso, que resulta da activação do sistema nervoso simpático, é difícil de quebrar e o quadro pode evoluir de forma a comprometer bastante a vida social e profissional das pessoas, levando-as a evitar saídas de casa e convívios, pelo medo constante de que as crises se repitam, configurando aquilo a que chamamos “Perturbação de Pânico”.

Esta perturbação associa-se frequentemente à “agorafobia”, que acontece quando as pessoas passam a sentir níveis elevados de ansiedade quando estão em locais ou situações onde a fuga possa ser difícil/embaraçosa ou nas quais a pessoa sente que não terá possibilidade de ajuda no caso de surgir uma crise (estar no meio de multidões, em supermercados, viajar de autocarro ou de avião, etc.).

Não há uma causa conhecida para esta perturbação, havendo teorias que relacionam o desenvolvimento das crises com factores genéticos, culturais, traumáticos e situações de maior stress/sobrecarga.

O acompanhamento por um psicólogo (abordagem cognitivo-comportamental ou Mindfulness) pode ser suficiente no tratamento da Perturbação de Pânico, pois permite modificar os pensamentos negativos e catastróficos relacionados com as sensações do corpo.

A partir do momento em que se acredita totalmente que as sensações do pânico não são perigosas, o risco de ter uma crise diminui, pois a pessoa deixa de ter esse medo e de estar tão ansiosa com essa possibilidade.

Em situações mais persistentes, pode ser necessário o recurso a fármacos específicos, que podem ser prescritos pelo médico de família ou por um psiquiatra.

Não hesite em procurar ajuda, se for o seu caso.

Ana Cristina Lopes | Psiquiatra

Será que tive uma crise de pânico?
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